25 de ago. de 2025
Endometriose: Como a Nutrição e a Fisioterapia Pélvica Podem Transformar o Cuidado
Na Clínica Versali, vemos a endometriose não apenas como uma condição ginecológica, mas como uma doença sistêmica que exige uma abordagem multidisciplinar. Embora o diagnóstico e o tratamento médico sejam a base, a nutrição e a fisioterapia pélvica surgem como pilares fundamentais para controlar os sintomas, reduzir a inflamação e, acima de tudo, devolver a qualidade de vida à mulher.
Vamos entender como essas duas áreas, baseadas em ciência, podem fazer a diferença.
O Que é Endometriose? Uma Visão Além do Útero
A endometriose é uma doença inflamatória crônica na qual um tecido semelhante ao endométrio (o revestimento interno do útero) cresce fora da cavidade uterina. Esses implantes podem se localizar nos ovários, trompas, intestinos e bexiga, respondendo aos ciclos hormonais da mesma forma que o endométrio: eles crescem e sangram.
Esse processo gera uma cascata de reações no corpo:
Inflamação Crônica: O sangramento cíclico fora do lugar causa uma inflamação persistente.
Dor Pélvica: É o sintoma mais comum, podendo ser incapacitante durante a menstruação, ovulação ou relação sexual.
Aderências e Fibrose: A inflamação pode levar à formação de tecido cicatricial, que "cola" os órgãos, causando dor e disfunção.
Infertilidade: A endometriose é uma das principais causas de dificuldade para engravidar.
O tratamento convencional foca no controle hormonal e, em muitos casos, na remoção cirúrgica das lesões. No entanto, o manejo dos sintomas no dia a dia é onde a nutrição e a fisioterapia pélvica se tornam essenciais.
O Papel da Nutrição: Uma Estratégia Anti-inflamatória
A alimentação não cura a endometriose, mas é uma das ferramentas mais poderosas para gerenciar a inflamação e a dor. Uma dieta anti-inflamatória pode ajudar a modular a resposta do corpo, diminuir a produção de prostaglandinas inflamatórias e melhorar a saúde intestinal, que está intimamente ligada à imunidade.
Estratégias Nutricionais com Evidência:
Aumentar o Consumo de Ômega-3: Presente em peixes de águas frias (salmão, sardinha), sementes de chia e linhaça, o ômega-3 tem potente ação anti-inflamatória.
Priorizar Fibras e Antioxidantes: Uma dieta rica em frutas, vegetais, legumes e grãos integrais fornece antioxidantes que combatem o estresse oxidativo e fibras que ajudam a regular os níveis de estrogênio e a saúde intestinal.
Reduzir Gorduras Trans e Saturadas: Encontradas em alimentos ultraprocessados, frituras e carnes vermelhas, essas gorduras podem aumentar os marcadores inflamatórios no corpo.
Limitar Açúcares e Farinhas Refinadas: Esses alimentos podem elevar a insulina e outros fatores de crescimento que estimulam a inflamação.
Considerar a Redução de Glúten e Laticínios: Embora não seja uma regra para todas, um percentual significativo de mulheres com endometriose relata melhora da dor e do inchaço abdominal ao retirar ou reduzir o glúten e/ou os laticínios (especialmente a caseína A1). Essa abordagem deve ser individualizada e acompanhada por um nutricionista.
Fisioterapia Pélvica: Liberando a Tensão e a Dor
A dor crônica da endometriose cria um ciclo vicioso. A inflamação e as aderências levam à contração involuntária e persistente dos músculos do assoalho pélvico, uma condição chamada de hipertonia. Essa tensão muscular, por si só, causa dor, piora as cólicas, pode gerar dor durante a relação sexual (dispareunia) e até sintomas urinários e intestinais.
A fisioterapia pélvica especializada atua diretamente na quebra desse ciclo.
Como a Fisioterapia Pélvica Ajuda:
Liberação da Tensão Muscular: Através de técnicas manuais internas e externas, o fisioterapeuta ajuda a relaxar os músculos tensos do assoalho pélvico, períneo e abdômen.
Tratamento de Pontos-Gatilho: São "nós" de tensão nos músculos que irradiam dor. A fisioterapia trabalha para desativá-los.
Melhora da Mobilidade dos Órgãos: Técnicas de terapia manual visceral podem ajudar a liberar aderências superficiais, melhorando a mobilidade entre os órgãos pélvicos e aliviando a dor.
Dessensibilização da Dor: A terapia ajuda a "reeducar" o sistema nervoso, diminuindo a percepção de dor na região pélvica.
Fortalecimento e Coordenação: Após o relaxamento, o foco passa a ser o fortalecimento e a coordenação correta do assoalho pélvico, melhorando o suporte dos órgãos e as funções urinária e fecal.
Uma Abordagem Integrada para uma Vida Melhor
A endometriose é complexa, e seu tratamento também deve ser. Ignorar a inflamação sistêmica ou a tensão muscular pélvica é deixar de tratar peças-chave do quebra-cabeça.
A combinação de um acompanhamento médico especializado com uma nutrição anti-inflamatória e uma fisioterapia pélvica focada na função e no alívio da dor oferece à mulher as ferramentas para sair do papel de vítima da doença e se tornar uma agente ativa na gestão da sua própria saúde.
Se você tem endometriose, converse com sua equipe de saúde sobre como integrar esses cuidados ao seu tratamento. O caminho pode ser desafiador, mas com o suporte certo, é possível viver bem.